
Não há quem não se depare com os poemas de Cora Coralina e se surpreenda como a poetisa ‘canta suas pedras’. Difícil ainda é não lembrar de outras pedras, ou melhor, do ‘poeta da pedra’, Carlos Drummond de Andrade. Coincidência ou não, esses dois poetas souberam retratar bem o valor simbólico de suas pedras.
No meio do caminho
"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
O poema, “No meio do caminho”, publicado em 1928 por Carlos Drummond de Andrade causou escândalo que rendeu a ele censuras e elogios. Por causa desse poema Drummond ficou conhecido como “o poeta da pedra”.
O poeta quebra a mesmice tradicional levando para o plano da experiência cotidiana. Drummond concebe a poesia como uma condição de alma que não necessita de expressão.
O poeta quebra a mesmice tradicional levando para o plano da experiência cotidiana. Drummond concebe a poesia como uma condição de alma que não necessita de expressão.
Das Pedras
Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.
Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.
Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.
Entre pedras que me esmagavam
Levantei a pedra rude
dos meus versos.
O poema metalingüístico da poetisa Cora Coralina intitulado, Das Pedras, retrata o valor simbólico da pedra. As pedras retratam sua própria vida, seus costumes e de seu povo. Cora é espontânea, direta e simples em seus versos. Cora Coralina canta como ninguém suas próprias pedras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário